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Acho que tinha ficado com a impressão que o Dean, tal como eu, estava a gostar de desempenhar o papel de namorado, por isso fiquei desiludida quando ele pareceu aliviado ao mencionar que a sua mãe não tardava a voltar a casa.
Nos dias que seguiram, dei o meu melhor para não dar a conhecer a ninguém o conflito de emoções que ia na minha cabeça. Ainda bem não tive de encontrar a Eliza. De certa forma, mesmo em casa, tentei afastar o Dean, acabando gradualmente com aquela proximidade e hábito de estarmos juntos, que a chegada da sua mãe tinha criado.
Infelizmente, em casa conseguia fazê-lo quase sem esforço, mas nos ensaios, onde nos encontrávamos sozinhos, a proximidade era inevitável.
Um final de tarde, depois das aulas, tínhamos combinado um ensaio, eu estava á espera dele. Estava diante do espelho de comando na mão, tentando escolher uma música adequada ao meu estado de espírito naquele dia. Mesmo sem ele, eu comecei a dançar, na tentativa de encontrar algo profundo. Movimentos maravilhosos carregados de sentimentos. Algo que eu e o Dean pudéssemos interpretar juntos que deixassem os júris de boca aberta.
Estava tão concentrada que nem me apercebi da sua chegada, até que ele me apanhou a meio de um movimento e se juntou a mim, como se estivéssemos em sintonia. Ele percebeu o que eu queria, e juntou também algo seu. Naquele momento achei que tínhamos encontrado a perfeição que ambos procurávamos.
Quando terminámos, ele tinha-me nos seus braços, tão perto de si que podia sentir a sua respiração na minha cara e o coração acelerado perto do meu. Estávamos tão próximos que se me mexesse mais um centímetro os meus lábios tocavam os seus. Simplesmente deixei-me estar, ele não me largou e eu não me afastei, então ele mexeu-se, os tais centímetros que faltavam, e beijou-me gentilmente.
Era impossível que ele não sentisse nada. Tinha mudado, isso era verdade, mas alguns dos seus sentimentos não, pelo menos os que diziam respeito a mim. Para estragar o momento, a senhora que fazia as limpezas entra na sala:
- Dean: “Lamento Liz, não devia ter feito isto…” – Disse agarrando nas suas coisas e desaparecendo.
Eu fiquei ali, apanhada de surpresa, tanto pelo beijo como pela fuga. Acabei por pegar nas minhas coisas, fui tomar um banho. Na saída encontrei Eliza:
- Eliza: “Liz como estás? Vim buscar o Dean.”
- Liz: “Olá Eliza. Temo que se tenham desencontrado, ele saiu daqui á cerca de 20 minutos.”
- Eliza: “A sério? Será que me enganei? Ia jurar que tínhamos combinado aqui…” – Diz ela um tanto confusa.
- Liz: “Não sei Eliza…”
- Eliza: “Bem já que estamos aqui, queres tomar um chá comigo?”
- Liz: “Com certeza.”
Fomos até a um cafezito perto da faculdade. Estivemos ali alguns minutos a conversar, falámos de tudo um pouco, já que nunca tínhamos estado sozinhas:
- Eliza: “O Dean tem sido o meu apoio, depois do meu divórcio senti-me abandonada e sem valor, se não fosse o meu filho...”
- Liz: “Eu posso tentar imaginar, mas acredito que só quem passa por isso sabe o que realmente custa. Mas porque escolheu ir para os Estados Unidos?”
- Eliza: “Para os Estados Unidos? Não querida, eu decidi mudar-me mas fiquei cá. Eu e o Dean fomos para a nossa propriedade em Liverpool!”
- Liz: “Mas ele disse-me que iam para os Estados Unidos, porque motivo me mentiria?” - Perguntei confusa, intrigada e de certa forma, enganada.
Aquela história era novidade. Porque motivo tinha o Dean mentido quando se foi embora, o que estaria ele a esconder de mim? Não fazia sentido nenhum, tinha de falar com ele sobre isto.
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