A minha história é uma valente trapalhada, nunca me meti em tanta confusão na minha vida, mas os últimos meses valeram a pena...
O meu nome é Liz, tenho 18 anos e moro em
Londres com o meu irmão Lee e com a minha mãe, os meus pais estão divorciados á
cerca de dois anos. O Lee tem a minha idade, somos gémeos, e como irmãos,
temos muita coisa em comum e ao mesmo tempo, muita coisa que nos diferencia. Ele é um rebelde incurável, tem uma grande personalidade e não guarda a sua opinião para si, gosta de deitar tudo cá para fora, adora a sua banda e tocar guitarra é das coisas que lhe dá mais prazer, á excepção de raparigas, é um engatatão de primeira. Tem um coração enorme, é um grande amigo.
Quanto a mim, bem, não sou rebelde, sou só "normal". Também sou pessoa de ideias fixas e digo o que tenho para dizer, nisso somos iguais, mas não sou doida como ele chega a ser, por vezes.
No fim do ano passado na escola, tinha sido expulso por mau comportamento, propositadamente, ele estava desejando de sair, e este ano ia para uma nova em Manchester, mas não o via muito
entusiasmado. Com a escola não, mas sim com uma produtora norte americana, que pelos
vistos tinha gostado muito das suas músicas e contratou a sua banda, se ele aceitasse (era o mais provável) ia fazer todos os possíveis e impossíveis para ir, mesmo
contra os nossos pais, ou então iria arranjar um plano e ia às escondidas…Resumindo parece
que estava a adivinhar que ia sobrar para mim.
As coisas corriam-lhe bem, ao contrário
do que podia dizer em relação a mim. Tinha terminado com o meu namorado, o Luke, ele
andava a pressionar-me demais, e queria mandar mais em mim do eu. Não é assim
que o amor deveria ser.
Sem me surpreender, o Lee uma tarde veio
ter comigo muito entusiasmado:
- Lee: “Liz preciso de falar contigo,
tive a oportunidade da minha vida e tu tens de me ajudar, por favor…”
- Liz: “…Hei, hei que se passa? Calma,
conta-me…”
- Lee: “Aquela editora americana adorou
a minha banda e querem-nos lá! É um espectáculo! Eu não vou recusar…tens de
me ajudar!”
- Liz: “O quê? Como? E as aulas e a
escola nova…?”
- Lee: “Não sei, pensa comigo mana…não
sei, vai lá e faz-te passar pela mãe e inventa uma desculpa...”
- Liz: “Não sei Lee, não acho muito boa
ideia, eu não tenho idade para ser tua mãe…sou tua irmã, somos demasiado
parecidos e novos para ser mãe e filho...”
Ele pensou no que eu havia dito durante uns segundos e depois entusiasmado, respondeu:
- Lee: “…É isso…”
- Liz: “O quê?”
- Lee: “Somos gémeos...falsos, mas
gémeos...podias ir no meu lugar!”
- Liz: “Como Lee? Sabes que faria
qualquer coisa por ti, mas isso é impossível e ridículo!”
- Lee: “Tudo é possível...se
quisermos...vá lá mana. Por mim...sei que consegues, sei que vais arranjar uma
maneira!” E nisto agarrou na mala de viagem, deu-me um beijo na cara e saiu porta fora, sem me deixar
alternativa.
Como qualquer outra irmã, eu adoro o meu irmão
e ele estava tão feliz que não consegui dizer que não. Era tão boa pessoa, no que
me tinha metido? Ir para uma escola nova fazendo-me passar pelo meu irmão?
Fazendo-me passar por um rapaz, onde é que eu tinha a cabeça? Isto tudo ia dar
muito trabalho, demasiado trabalho e se fosse descoberta, tanto eu como o Lee
iriamos ter sérios problemas.
Falei com a minha mãe e disse-lhe que
tinha sido escolhida para um intercâmbio, uma conversa um pouco rebuscada, mas ela
ficou orgulhosa por mim e gostou muito que eu tivesse participado num projeto
assim (eu não era muito dessas coisas), só ficou um pouco triste por ter filhos
longe de casa. Mas íamos investir nos estudos e no futuro e isso, segundo ela, era mais importante (pois sim….). Fez-me
prometer que quando fossem os compromissos da “alta sociedade”, da qual ela se orgulhava de fazer parte, como uma angariação de
fundos para caridade e bailes, eu tinha de estar presente.
O Lee tinha sido um pouco egoísta, mas eu conseguia perceber porquê. Tinha lutado muito, este tempo todo para que a sua banda pudesse ir mais além. Ele e todos os membros tinham feito muitos sacrifícios, mas aquela era a sua paixão, o seu momento de brilhar, eu não podia dar cabo disso. Decidi pôr a minha vida de lado durante os meses que se seguiriam para o ajudar no que fosse preciso.
Assim foi, no dia antes de as aulas começarem
eu fui para Manchester e levei comigo um amigo, o Tyler que me ajudou a fazer
de mim um homem, e nesse mesmo dia o Lee e a sua banda partiram para a América,
“terra dos sonhos”. A minha mãe estava descansada da vida, longe de imaginar que eu e o meu irmão tínhamos montado este estratagema todo.
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